Socorro! A minha filha vai fazer análises
A Mafalda tem ficado doente mais vezes do que seria desejável. Após alguns episódios e muita medicação, a pediatra achou por bem fazer um estudo alergológico. Por mim tudo bem, até porque se pago impostos é para a minha filha ter acesso a cuidados de saúde - já que as consultas de especialidade me saem do bolso. O problema é que para fazer esse estudo...a Mafalda vai ter de dar um pouco do seu sangue. E acho que não é preciso explicar o que isso implica.
Considero-me uma pessoa equilibrada nessas questões. Fui inúmeras vezes com os meus sobrinhos ao hospital para poupar a mãe das crianças e só Deus sabe os esforços que já fiz para não desmaiar perante as desgraças daquelas duas pestes que se dão pelos nomes "Diogo" e "Miguel". Mas com sobrinhos é diferente: Estás lá, ama-los de coração, mas também pensas nos pais e no teu dever que é acalmá-los. Ou pelo menos evitar stressá-los mais.
Com filhos a história é outra. Sentimo-nos mal, impotentes. Lembro-me do dia em que a Mafalda fez uma luxação, nas férias de Verão na Terceira. O pai estava numa pilha de nervos e eu assumi a tarefa de o acalmar. Mas assim que chegámos à urgência pediátrica, e quando questionados sobre quem acompanharia a bebé, não hesitei em passar a batata quente ao homem. Não é que não quisesse estar lá com a minha filha, a questão é que eu sabia que não aguentaria ver alguém escarafunchar na articulação até pô-la no sítio.
Com as análises vai ser o mesmo teatro. Eu vou estar lá - até porque trabalho no edifício - mas quem vai entrar é o pai. Ficou decidido na hora e até marquei as análises no dia em que ele está em casa. Não se discute sequer o assunto.
Estão marcadas. E eu estou num sufoco que não me aguento.