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O Blogue da Mafalda

Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

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Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

Mas será que podem deixar as mães em paz?

25.02.17, Ana Fagundes Lourenço

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Assim que o teste dá positivo, a nossa vida muda. É verdade, ficamos felizes - ó se ficamos - e ao mesmo tempo com medo - muito medo. Tornamo-nos seres bipolares. E um alvo fácil para os palermas que nos rodeiam.

Durante a gravidez, toda a gente tem um palpite para mandar. O que vestir "usa roupa confortável", o que calçar "não uses saltos altos" e o que comprar para o bebé são apenas alguns exemplos. 

Podem não acreditar, mas numa bela noite vim ao facebook e uma colega achou que era demasiado tarde para estar acordada. "Vai dormir que já é tarde. Mães que dormem pouco, têm filhos irrequietos". Tenho a certeza que foi por isso que a minha filha nasceu às 03h31.

Passei 9 meses - mais precisamente 38 semanas e 4 dias -  a ouvir que tinha de ter cuidado com o peso, que devia repousar, que tinha mesmo de fazer caminhadas, que não podia usar nada de metal junto à barriga para a rapariga não nascer com defeito. Que devia vacinar-me contra a gripe - o único palpite certeiro, pois pela primeira vez a gripe meteu-me na cama - e ouvir música clássica para a criança nascer inteligente. Bom, fartei-me de ouvir ABBA e os clássicos da Disney. Ela pode não ser a pessoa mais inteligente do mundo, mas já diz papá e acena com a cabeça. Não me parece ser um caso perdido, apesar de não ter sido bombardeada com Beethoven e Vivaldi.

Mas desenganem-se aqueles que pensam que os palpites terminam com o nascimento da cria. Era bom, era, mas a coisa só piora. O que vestir "veste um casaquinho ao bebé que está muito frio", "com este calor, basta um body e uma fralda", "amamenta, que um bebé que bebe leite materno é mais ligado à mãe do que um que bebe leite artificial", "não comas isto, porque dá gases ao bebé", "passa a chucha por açúcar que ele cala-se", "ele berra porque sabe que tu lhe dás colo". A sério, não acham que é demais?

É difícil ser mãe. É difícil ver o corpo mudar, dedicar 100% do tempo a um ser pequenino nos primeiros meses de vida. É extremamente difícil regressar ao trabalho e ouvir familiares, amigos, colegas dizerem que "acabou a boa vida" (aquele momento em que só nos apetece espetar um pontapé na tromba da pessoa, mas optamos por smile and wave), é frustrante tentarmos ter o mesmo rendimento, mas passarmos o dia preocupadas porque o nosso filho está doente.

Portanto queridas pessoas-que-metem-o-nariz-na-vida-alheia, sosseguem um minuto, fechem a matraca! Esta história da maternidade é difícil e os vossos palpites não ajudam em nada. 

 

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