Ensino à distância em Portugal
Não tem de ser um bicho de 7 cabeças.
Começou o 3º período escolar e os pais estão insatisfeitos.
Com o Covid-19, as escolas tiveram de se adaptar à nova realidade e os pais também. Deixámos de ter um ensino presencial, para passarmos a um ensino à distância.
E se por um lado apregoamos que vivemos num mundo digital, onde ser info-excluído é quase como ser um bandido do pior, por outro temos encarregados de educação a dizer que quase precisam de um curso superior para compreenderem o funcionamento da plataforma de ensino à distância.
Eu não tenho filhos em idade escolar. A minha Mafalda tem 3 anos, portanto estou aqui a pregar sem grande conhecimento de causa.
Mas mesmo sem grande legitimidade, não posso deixar de manifestar a minha opinião, face a alguns comentários injustos que tenho lido.
O covid-19 veio para ficar. São coisas que infelizmente acontecem e que cuja responsabilidade não pode ser atribuída a ninguém. Face a esta pandemia, estavam em cima da mesa duas opções: Dar o ano lectivo por terminado ou tentar o ensino à distância.
O Governo optou pelo ensino à distância, o que me pareceu boa ideia. É da maneira que os miúdos estudam qualquer coisa, em vez de olharem para esta pandemia como se fosse um período alargado de férias. Não é, meus queridos. E foi aí que a porca torceu o rabo, perdoem-me a expressão.
Entendo que seja difícil trabalhar em regime de tele-trabalho, cuidar da casa e tomar conta de miúdos. Compreendo, também, que seja muito complicado apoiar um filho que se encontre a estudar. Já passámos por isso há muitos anos e a forma como se ensina hoje é muito diferente da dos nossos tempos. Percebo, ainda, que seja uma missão quase impossível manter o puto concentrado, quando temos mil e uma distracções em casa. Pais, estou convosco em todos estes aspectos, mas temos de ter em conta o seguinte:
1) O Governo não tem culpa do Covid-19. Eu sei que é uma novidade, pois estamos habituados a culpar os políticos por todos os nossos problemas. Mas temos de ser justos: Entre abandonar os estudantes, isto é, terminar um ano lectivo e dizer "quem tiver dinheiro para explicações on-line que as pague e se mantenha a par da matéria, e quem não tiver que se lixe" ou tentar uma alternativa - ainda que cheia de falhas -penso que o nosso PM tomou a decisão mais acertada.
2) Falta de meios: É verdade que em Portugal existem muitas famílias sem computador nem acesso à internet. Esses casos devem ser sinalizados e acautelados, pois está em causa o direito à educação. Agora devo admitir que quando vejo um pai ou uma mãe no facebook a dizer que o filho não tem acesso à internet, só me apetece rir. Amiga, larga o smartphone e empresta ao teu filho!
3) "Todo o bicho ao nascer é feio", já dizia um amigo meu. As plataformas estão sobrecarregadas, estamos em período de adaptação, os professores vão ter de esquecer tudo o que aprenderam e tentar ensinar de uma forma que desconhecem, enquanto os pais vão ter de desempenhar, também, o papel de professor. Sim, isto está caótico, mas a boa notícia é que podemos corrigir as falhas, limar arestas. Os professores não estão preparados? Dêem-lhes formação! Os colegas mais novos não podem dar uma mãozinha?
4) Como disse, a minha filha está em idade de Jardim de Infância, não é abrangida por esta medida. Mas esta que vos escreve é aluna em regime de ensino à distância desde 2018. Assisto às sessões e submeto os meus trabalhos para avaliação através de uma plataforma. Não acho que seja uma coisa assim tão difícil. É verdade que tenho alguma facilidade nisto, mas não sou nenhum génio de informática.
Lamento que se condene uma ideia à partida, sem dar uma hipótese. Provavelmente será do desgaste emocional, mas parece-me verdadeiramente injusto criticarmos só por que sim. Sem dar o benefício da dúvida. E logo nós, portugueses, mestres na arte do desenrasca!
Vai correr bem, só temos de ter um pouco de calma