Amamentação
Durante a gravidez manifestei o desejo de amamentar. Achei que seria bom para mim e para a Mafalda, pelo que a ideia inicial era amamentar até aos 6 meses.
A Mafalda nasceu às 03h31. Na manhã seguinte tentei amamentá-la, sem sucesso. Mamilo raso e bebé sem conseguir pegar na mama. Fui aconselhada pelas enfermeiras a usar mamilos de silicone. Mafalda continuou sem mamar. A pediatra sugeriu a bomba de extracção de leite para estimular o mamilo e torná-lo mais fácil de pegar. Comprei a dita. Mesmo que não mamasse, a minha bebé podia beber leite meu.
A subida de leite ocorreu cerca de 4/5 dias depois da Mafalda nascer. Foi terrível! Tive dores, febre e grandes dificuldades em baixar os braços. Passei muito tempo no duche a massajar as mamas, numa tentativa ridícula de diminuir a dor. Digo ridícula porque o alívio dura pouco.
Durante um mês e pouco tirei leite com a bomba e dei de biberão à Mafalda. Para evitar que bolçasse, misturava leite materno com Nutribén AR. Resultou, pelo menos durante algum tempo. É que se o bebé não estimula, a produção de leite tende a diminuir. E foi isso que me aconteceu.
Tenho a certeza de que fiz tudo o que podia: Tirar leite várias vezes por dia, ficar com mamilos em ferida, tomar promil. Tinha cada vez menos leite e a Mafalda cada vez mais apetite. Fiquei saturada, desesperada. Vale a pena ter dores para tirar 50ml por dia? Ao ver-me naquele estado, o meu marido sugeriu que parasse a extracção de leite.
Parei e guess what? Ninguém morreu mais cedo por isso. É que a sociedade espera que amamentemos até a criança entrar na universidade, sem queixas. Ouvi mais do que uma vez que um bebé que mama é mais chegado à mãe do que um bebé alimentado por biberão. Tretas, tal como me disseram uma vez "antes um biberão com amor, do que mama com terror".
Comecei a gravidez com o desejo de amamentar. Passados dois meses do nascimento da Mafalda, digo que não voltarei a fazê-lo.