Complexo de Electra
São tantas e tão seguidas, que estou à beira de um ataque de nervos!
Falta muito para a Electra ir embora?
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Falta muito para a Electra ir embora?
Era o nosso 11º aniversário e o homem quis assinalar de forma especial.
Saímos de casa com a casa enfiada no porta-bagagens do carro e fizemo-nos à estrada enquanto almoçávamos fast-food, que é sempre bom para a saúde. Fomos pelo mato, como se diz nas ilhas, e fiquei espantada com a beleza desta terra.
Quem diz que os Açores são dos melhores destinos turísticos do mundo sabe do que fala.
Fomos até à outra ponta da ilha, que quanto mais longe melhor. Não fazíamos a menor ideia de como a Mafalda reagiria a um acampamento, mas bora lá que o importante é descomplicar!
Ao fim de quase uma hora conseguimos montar a tenda. Que filme, pessoas, que filme. É nestas alturas que percebemos o quão velhos estamos para estas andanças. Tenda montada, toca a tirar as tralhas do carro que a casa não se mobila sozinha!
A miúda adorou a ideia de dormir na tenda azul, connosco claro!, de estar num lugar diferente. A Mafalda adora visitar novas paragens, é uma aventureira!
Fomos ao banho, que este mar que Deus nos deu não pode, nem deve, ser desperdiçado. Água a uma temperatura maravilhosa, o sol no ponto certo e esta que vos escreve a dar o belo mergulho de pés, o que não fazia há anos.
Seguiu-se um jantar a três num dos restaurantes da zona e um serão com amigos. Porque é isto que levamos desta vida: O que comemos, bebemos e rimos. Porque a melhor rede social será sempre uma mesa cheia, onde não faltam amizade e amor.
Retirámo-nos quando a Mafi pediu para dormir, tal era o cansaço. Adormeceu num instante e foi TODA A NOITE!!!! Nunca pensei que descansasse tão bem numa tenda.
Depois de um pequeno-almoço leve, fomos ao mar. Caramba, haverá maior privilégio do que dar um mergulho logo pela manhã?
O resto do tempo foi passado com uma amiga, na amena cavaqueira. Porém, o que é bom acaba depressa, por isso tivemos de regressar a casa. Claro que a minha filha estava deliciada com aquela escapadinha, por isso ficou extremamente chateada por regressar. É impressionante como eles se adaptam a novos ambientes!
Cá estamos nós, de volta à rotina, mas sempre a pensar na próxima paragem.
De madruga, mais precisamente à 1h26, acordei com o telemóvel a vibrar. Era uma SMS a informar-me do resultado negativo ao teste covid. O terceiro feito desde que regressei ao serviço. Medidas preventivas que, apesar do incómodo, são de louvar.
Numa altura em que se voltaram a registar casos positivos na Região Autónoma dos Açores, é bom receber este resultado! Mas aquela sms deixou-me a pensar:
Numa altura em que tanto se fala em linha da frente, considero injusto não se falar nos outros profissionais também ligados à covid-19.
É que o processo desde a colheita da amostra biológica até à SMS com resultado, envolve um sem número de profissionais que parecem esquecidos por todos nós: Assistentes Operacionais, Enfermeiros, TSDT, TSS, Assistentes Técnicos, aqueles a quem chamo "os da linha de trás".
São prémios de desempenho, é a comidinha oferecida aos serviços de urgência e infecto-contagiosos, são as palmas...As palmas! Então e os que se enfiam num laboratório a inactivar o bicharoco e a testar a amostra? Então e os que de madrugada enviam os resultados para a autoridade de saúde? Então e as alminhas que comunicam os resultados aos utentes testado?
Fala-se numa segunda vaga para o mês de Outubro. Espero que nessa altura não se esqueçam dos que fazem um trabalho absolutamente essencial, ainda que na rectaguarda.
Olá!!!
Parece que as férias já terminaram e agora tenho de trabalhar. Uma canseira, bem sei.
Mas o que me traz hoje aqui é um assunto delicado, mas que urge discutir. E falo do quê? Da presença dos nossos pais nas redes sociais. Alguém tem de falar sobre isto pessoal!
Antes de mais, é preciso contextualizar as coisas. Sou dos anos 80. Utilizei o emule e o messenger. Sou do tempo em que ou se falava ao telefone, ou se usava a internet. Passei horas no mIRC e escrevi vezes sem conta o lendário "oi. ddtc?"! Sou do tempo em que ostentação era sacar do Nokia 3310 e jogar serpente e senti-me a pessoa mais poderosa do mundo quando recebi o meu telemóvel que já tinha opção mãos livres!
(Coisa mai linda!)
Isto tudo, pessoas, para dizer que a minha geração é que manda nesta merda toda! É que tanto usamos um walkman, como navegamos sem qualquer dificuldade pelo mundo digital. Isto é poder, senhores, e por isto não aceito que a criançada que nasceu em 2000 se ache a realeza da internet. 2000, é de rir...
E se os jovens têm pouco palpite a mandar, imaginem a malta que é do tempo do candeeiro a petróleo. É que não! Nem pensar! Sosseguem-se em frente à TV, vejam os programas da manhã e tentem não gastar as reformas nas chamadas de valor acrescentado, ok?
Só que os pais são do contra, e a dada altura eles acham que devem vingar-se por todos os embaraços que lhes provocámos! Lamentável, bem sei, mas é lidar.
Criei a minha conta no Facebook em 2008. Eram poucos os amigos que lá tinha, na sua maioria colegas de universidade. E éramos felizes a trocar likes e a partilhar umas parvoíces. A malta mais intelectual podia sempre recorrer ao Twitter, enquanto o Facebook se transformava numa espécie de "tasca da internet". E ninguém vai com os pais à tasca, certo?
Isto correu bem durante alguns anos, mas agora a situação tornou-se incomportável. Os meus pais têm conta no facebook e, pasmem-se!, são meus amigos! E a que é que isto dá azo? A momentos...estranhos.
O meu pai tem estatuto de "maior fã" em todas as páginas de orgãos de comunicação social. O homem não perde uma oportunidade para dar a sua opinião: É sobre política, é sobre futebol, sobre a organização dos cuidados de saúde no combate à covid-19...é tudo e mais um par de botas! Acho que o José acredita piamente que, a partir do seu apartamento em Angra do Heroísmo, vai mudar o mundo. É o chamado "trabalho remoto". Modernices.
Depois existe a minha mãe. Esta pessoa reage a todas - T-O-D-A-S! - as minhas publicações do facebook. Se eu partilho uma imagem, ela escreve uma estrofe de 7 versos inspirada nos meus caracóis. Mas se partilho um emoji, a Dulce também saca de um comentário apropriado. Parece que é um desafio para a mulher.
Vou dar um exemplo:
Fui tomar banho com a Mafi e partilhei uma fotografia minha nas stories do Instagram (que liga automaticamente ao Facebook) e outra na minha cronologia. Duas imagens, dois comentários.
Em resposta à minha story escreve "não te preocupes, és linda de qualquer maneira", o que me deixa a pensar que ou a minha mãe pensa que estou a atravessar uma gigantesca crise de auto-estima e, por isso, preciso de massagens no ego; ou quis dizer qualquer coisa como "estás gorda como um texugo, mas és sempre linda aos olhos da mãe". Qualquer uma das hipóteses é altamente insultuosa para esta que vos escreve.
Na fotografia da cronologia, escreve "Serás sempre terceirense. Temos pena" ali a provocar o genro que é do Pico, ilha onde residimos. Sogra a ser sogra...genial mãe, sempre a somar pontos! Eu li e deixei a coisa ficar, porque sinceramente não me incomoda nada ser terceirense, muito pelo contrário. Ela liga a reclamar que eu não reajo aos comentários e o homem faz o quê? Responde-lhe com um emoji com a língua de fora. Assim, sem medo! Ah valente! Ela zangada, manda-o meter a língua para dentro e guardar o boneco. Nisto, aparece o activista de sofá só para dizer que sou muito linda, e assim como quem não quer a coisa, de repente parece que estou num jantar de família! É que só falta o cão a ladrar!
E pronto pessoas, a minha vida nas redes sociais tornou-se uma tragédia ao estilo da Grécia Antiga. Ou actual, que a desgraça é mais ou menos a mesma.
Já disse à minha irmã que desligo do mundo virtual se os progenitores começarem a usar frequentemente o Instagram. O pai já lá está, só falta a mãe.