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O Blogue da Mafalda

Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

O Blogue da Mafalda

Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

Tornei-me uma mãe demodé

Tentei adiar o inevitável, mas perdi a batalha.

30.08.19, Ana Fagundes Lourenço

Todos sabemos que uma das características mais marcantes das mães, é o facto de estarem desactualizadas...em tudo.

Num belo dia, estava eu a cozinhar (uma daquelas actividades que simplesmente detesto) e decidi explorar uma aplicação muito útil chamada spotify. A ideia era tentar perceber o que raio andam os jovens a ouvir/dançar.

A aplicação sugeriu-me uma playlist chamada "Verão 2019". Ora, considerando que estamos no Verão de 2019, percebi que aquela seria a compilação mais actual da música - nacional e internacional - e seleccionei. Aguentei 3 minutos. E foi naquele momento que proferi aquelas  palavrinhas que todos nós já ouvimos dos nossos pais: Hoje em dia só ouvem porcaria.

Estou desactualizada. Agora só me resta aceitar esta verdade e aprender a viver com ela.

Viver nas ilhas

26.08.19, Ana Fagundes Lourenço

Viver nas ilha implica lidar com certas limitações. 

Podia escrever um texto enormíssimo sobre tudo aquilo que nos falta. Mas não é disso que estas linhas se tratam. Hoje quero falar-vos dos privilégios de viver nestes pedacinhos de terra.

Vivemos numa ilha com cerca de 15.000 habitantes. Bem ou mal, todos se conhecem. Se é verdade que viver num meio pequeno obriga-nos a conviver com mexerico e alguma mesquinhez, também é verdade que nos sentimos mais seguros sabendo que, em sendo necessário, temos um vizinho a quem recorrer. Acreditem, isso é muito bom. Madalena Pico.jpg

(Vila da Madalena do Pico)

 

Quando São Pedro permite, preparo as coisas e, depois de sair do trabalho, vamos buscar a miúda e seguimos para a Baía de Canas, onde tomamos banho - podem dizer o que quiserem, mas não há nada como o mar! - antes de regressarmos a casa. Sem horários, dependendo apenas da nossa vontade.

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(Baía de Canas)

Regressar a casa, mas não sem antes ir ver as vaquinhas. É preciso garantir que têm alimento e água. E se, por um lado, quero que a Mafalda tenha uma boa educação, actividades extra-curriculares e todas essas coisas bonitas e pomposas, por outro, acho essencial que ela conviva com o lado mais rural das nossas vidas: Que saiba tratar de uma vaca, de um cão, etc.

Estes são apenas alguns pequenos prazeres de que podemos usufruir por vivermos naquilo a que muitos chamariam de "fim do mundo". Viver nas calmas, num ambiente seguro e ter alguma margem para conjugar a vida familiar com a profissional, são coisas que não têm preço.

Se podia educar a minha filha noutro lugar qualquer? Podia, mas não era a mesma coisa.

 

Já conheces o nosso instagram?

Queridos turistas: eu vivo onde vocês passam férias

21.08.19, Ana Fagundes Lourenço

Os Açores são, cada vez mais, um destino turístico de eleição. Isto é inegável. 

Vivo numa ilha com aproximadamente 15.000 habitantes. No Verão fico com a sensação de que a população duplica. Isto é bom, nós gostamos de receber pessoas e de as ver partir com a ideia "porra, que isto é mesmo giro", mas como não há bela sem senão, há aqui um pequeno reparo a fazer:

Queridos turistas, nem todos os que andam nas estradas do Pico têm a vossa vida.

É extremamente irritante ter de fazer uma data de quilómetros atrás de um carro da rent-a-car. Eles abrandam para ver a folha de hortelã na beira da estrada, eles param para fotografar a hortênsia, é um sofrimento! Eu sei que vocês têm tempo, mas nós temos compromissos!

 

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(hortênsia)

 

E a montanha? Pessoas, já lá está há anos sem fim! É bonita, principalmente com neve, dá uma fotografia do caraças, mas não precisam condicionar o trânsito para tirarem a bela da selfie enfiadas nas hortênsias com a montanha por trás. Além disso, é só um bocadinho para o piroso.

Tirando isto, os restaurantes cheios, os supermercados completamente rapados (parece que vivo na Somália ou o caraças) e as zonas balneares a rebentar pelas costuras (felizmente não são todas), nós adoramos ter-vos por cá! 

Voltem sempre!

Fui ao Revenge of the 90's e gostei

02.08.19, Ana Fagundes Lourenço

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O espectáculo Revenge of the 90's veio aos Açores, mais precisamente às Festas da Madalena. E claro que uma pessoa não podia dar-se ao luxo de perder uma festa destas!

A criança ficou em casa a dormir, e sob supervisão do pai, e lá fui eu porta fora antes que o homem mudasse de ideias!

Pois bem, aquilo foi simplesmente MARAVILHOSO! Há anos que não dançava nem cantava tanto (felizmente para aqueles que me rodeiam). Saí de lá afónica e com dores no corpo como se tivesse acabado de sair do ginásio.

O revenge of the 90's é o único momento em que podes cantar em plenos pulmões Vengaboys ou fazer a coreografia do "bicho" do Iran Costa com o maior orgulho! É aquele espectáculo em que os pontos altos são cantares "Hakuna Matata" ou seguires as indicações do Melão para conseguires executar sem falhas a coreografia dos Excesso.

Adorei! Vi vários amigos que fizeram as mesmas figuras que eu, portanto presumo que haja aqui um pacto de silêncio para evitarmos constrangimentos futuros, e vi malta nova que não conhecia metade dos temas que tivemos oportunidade de ouvir que, talvez por isso, optou por beber até cair. Quando vi uma jovem encolher os ombros e dizer que não conhecia The Offspring tive vontade de desmaiar. Mas o que é isto senhores?! Peguem num livro de História sff e respeitem os velhos!

Termino a dizer que recomendo o revenge a toda a gente. É mais do que um concerto, mais do que um espectáculo. É aquela oportunidade de reviveres momentos que já lá vão e que deixaram saudades. 

Eu fui, adorei e na próxima oportunidade estou lá batida. 

 

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Sobre a questão das crianças devolvidas

01.08.19, Ana Fagundes Lourenço

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Li uma notícia sobre crianças que foram devolvidas às instituições. Caraças, crianças devolvidas, isto soa mesmo mal.

Não consigo entender o que leva uma pessoa a olhar para uma criança como se de um objecto se tratasse. Não consigo. Foda-se, conhecer uma criança, criar laços com ela, alimentar-lhe a esperança de ter uma família e depois mandá-la de volta para a instituição, porque não era o que se esperava, é no mínimo asqueroso.

Pessoas, os nossos filhos biológicos - aqueles seres que nos saíram das entranhas e deixaram um monte de estrias para recordação - também chateiam, testam limites e dão problemas. Fazemos o quê? Devolvemos? A quem?

Agora imaginem uma criança que traz uma bagagem emocional do caraças, que já se sentiu rejeitada. Que sabe o que é não pertencer a lado nenhum. E óbvio que tem dificuldades em confiar. O que esperavam esses "pais"? Gratidão e subserviência eternas porque fizeram o favor de as adoptar? Não me lixem.