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O Blogue da Mafalda

Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

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Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

Quando umas peças de roupa levam os pais ao extremo

27.03.19, Ana Fagundes Lourenço

Vivemos num país onde se ganha (muito) pouco e onde as despesas com vestuário têm grande peso no orçamento familiar.

Alguns pais guardam roupas de um filho para serem usadas pelo segundo. Até aqui tudo bem, mas há quem ache que o João não deve andar com um look rosa total, só porque veio depois da Maria. Certíssimo. Estamos numa de evitar traumas, por isso temos de ter esses pormenores em conta.

A Zippy quis ser amiga das famílias e criou uma colecção genderless, que é como quem diz pode ser usada por rapazes e raparigas, porque o que importa é a personalidade da criança e não aquilo que ela veste. Eu, pessoalmente, aplaudo esta colecção que é riquíssima em cores e padrões (perdoem-me a crítica fashion, não pesco nada sobre o assunto) e faz-me ficar com o olho comprido:

Menina Zippy.jpegMenino Zippy.jpeg

Perdi algum tempo a ler comentários/reacções à colecção e constatei que há efectivamente pais muito satisfeitos. Porém, outros tantos pais revoltaram-se porque acham a colecção...inadequada. Porquê? Porque têm uma mente retorcida e, por isso, vêem mal em tudo. Senhores, nem tudo o que é colorido e "happy" é alusivo à homossexualidade e/ou ideologia de género. É possível criar peças de roupas sem ter uma agenda política.

Deixo aqui um exemplo de reacções que, no meu entender, não têm qualquer fundamento:

ZIPPY.PNG

 

A Zippy  reagiu às críticas, numa tentativa de acalmar os ânimos mais exaltados, afirmando que «a coleção Happy não tem qualquer associação a ideologias ou movimentos. Esta é uma coleção cápsula com peças unissexo, que podem ser usadas tanto por meninos como por meninas. A HAPPY materializa o espírito prático e funcional da Zippy. Com esta linha, queremos facilitar os pais na hora de vestir as suas crianças, dando-lhe opções versáteis e que podem ser passadas de irmãos para irmãs, de primas para primos, e vice-versa.»

Eu gostava que nós, pais e educadores, nos focássemos no que realmente importa: Na qualidade dos cuidados de saúde prestados aos nossos filhos, no ensino pré-escolar e escolar, nas actividades desportivas disponíveis. Gostava mesmo muito que começássemos a educar para o amor, aceitação e, sobretudo, liberdade.

Há algum tempo, a  Mafalda apaixonou-se por uma sweatshirt do Mickey. O pai optou por ceder e comprou. O artigo estava na secção dos rapazes. Who cares? A rapariga gosta, usa. Esta é a minha forma de educar, com base na liberdade (com regras, claro) e aceitação.

O mercado dirá se esta aposta da marca foi sensata ou não. Eu, para já, penso que sim.

 

A Momo anda aí. E é preciso ter cuidado

11.03.19, Ana Fagundes Lourenço

momo.jpg

 

Não sei muito sobre o assunto, apenas o que vai surgindo na Comunicação Social: Uma criatura, de nome Momo, entra em contacto com crianças/adolescentes e incentiva-os a adoptarem comportamentos auto-destrutivos. O objectivo final é o suicídio.

 

Numa primeira leitura é fácil cair na tentação de soltar um "é a selecção natural, é deixá-los ir", mas e se for o nosso filho/irmão/sobrinho? E se for uma criança inserida num ambiente familiar tão merdoso que vê nessa figura a única "pessoa" que lhe dá atenção? E se for alguém que tenha acabado de perder a mãe ou o pai e se sinta completamente perdido? Será uma ideia assim tão absurda?

 

Custa-me aceitar que a sociedade lave as mãos deste problema. Estão a magoar as nossas crianças e nós temos o dever de actuar.

 

É preciso educar para o uso seguro da internet. E as escolas falham redondamente nesse aspecto. Não estou a empurrar a responsabilidade para as escolas, mas é lá que os miúdos passam grande parte do seu tempo. Por isso sim, a escola tem responsabilidades. Sou do tempo em que havia uma disciplina de informática no liceu. Fui bombardeada com os componentes do PC, mas ninguém me ensinou porra nenhuma sobre a internet.

 

Nós, pais, também falhamos. Crescemos numa época em que fazer queixinhas dava direito a arder no inferno e muitos pais fazem questão de aplicar o mesmo princípio nos putos de hoje. Pessoas, o mundo era mais seguro há 20 anos. Muito mais! Agora é a selva e nós temos de mudar a nossa atitude! Se o nosso filho nos procura para contar algo que o incomoda, por que raio devemos incentivá-lo a guardar tudo para si para não ser chamado "queixinhas"? Pessoas, que se lixe a opinião alheia, eu cá estou 100% disponível para ouvir as queixinhas dos meus!

 

Por fim, temos de meter na cabeça (de uma vez por todas) que temos de manter estas criaturas debaixo de olho. Se não for fisicamente - até porque trabalhamos para sustentar estes bichinhos - que seja digitalmente. Existem aplicações que permitem aos pais controlar os telemóveis e tablets dos filhos: Escolher aplicações que instalam, limitar os dados móveis por dia, etc. Lamento queridos seres de palmo e meio, mas o nosso dever de vos manter seguros sobrepõe-se ao vosso direito à privacidade. 

 

Se nada disto resultar - também acontece - vamos lá procurar ajuda junto de quem pode efectivamente ajudar-nos. Não é no Facebook, é na esquadra mais próxima. 

 

Não, não descobri a fórmula da internet segura. Mas prefiro tentar do que assobiar para o lado enquanto os adolescentes se atiram dos telhados das suas casas.