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O Blogue da Mafalda

Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

O Blogue da Mafalda

Somos todos normais, até termos filhos! | Por Ana Fagundes Lourenço

Regressar ao trabalho

28.11.16, Ana Fagundes Lourenço

Como escrevi aqui, regressei ao trabalho no passado dia 23, ficando a Mafalda entregue aos cuidados do pai. 

Previ um cenário dantesco: Eu em lágrimas a tentar livrar-me da bebé que se agarrava a mim como se o mundo estivesse para acabar, o meu marido em pânico e a implorar-me para ser rebelde e despedir-me. Estão a ver o filme? Nada a ver.

A minha Mafalda nem dá pela minha ausência. Despeço-me 259 mil vezes, encho-a de beijos e ela...na boa! Ligo para saber dela e não oiço um choro. Nos primeiros dias foi com o pai visitar-me ao trabalho e saiu de lá a sorrir. A sorrir, senhoras! 

Portanto, se não me querem ver à beira da depressão não voltem a perguntar como está a correr o regresso ao trabalho.

Primeira sopa

26.11.16, Ana Fagundes Lourenço

Hoje tivemos duas festas cá em casa: Os 4 meses da Mafalda e a festa da sopa. É verdade, a nossa menina já come sopinha.

Na consulta com o médico de família, ficou combinado que a base da sopa seria constituída por cebola, courgette (o peso dela dispensa batata) e abóbora (por causa da obstipação) a que se juntaria um verde a cada 4 dias.

Hoje foi dia de começar a base. A Mafalda teve algumas dificuldades com a colher, mas acho que gostou da sopa. Estamos a começar bem!

Resultado final:

primeira_sopa_4_meses.jpg

 

Ao meu querido marido

21.11.16, Ana Fagundes Lourenço

Como já deves ter percebido, daqui a dois dias regresso ao trabalho, pelo que a Mafalda passará a estar contigo todo o dia.

Posso dizer que estes meses com a nossa filha foram maravilhosos, mas nem tudo são rosas e é para isso mesmo que te quero alertar.

Fiz uma pequena lista daquilo que - na minha opinião - deves saber:

 

1) Os bebés são seres maléficos e calculistas. Esperam que adormeças para começarem a gritar como se a casa estivesse a arder. Acredita em mim, been there done that.

2) É incrível a capacidade que a Mafalda tem de transformar 180ml de leite em 25L de bolçado. A nossa filha segue a máxima de Lavoisier "nada se perde, tudo se transforma".

3) Vais mentir à tua filha. Não imaginas a quantidade de vezes que respondi "a mãe sabe", quando na realidade não fazia a mínima ideia do que a miúda pretendia  com aquele choro.

4) Entre mudas de fraldas e biberões restar-te-á pouco tempo. Aviso-te que esse tempinho será passado a...Carregar a miúda ao colo! Acredita, ela não facilita.

5) As coisas ficam sempre mais complicadas quando estamos sozinhos em casa com um bebé. Contigo não vai ser diferente.

6) Entreter uma criança nem sempre é fácil. Um longo passeio de carro pode parecer boa ideia, mas aviso-te que quando estiveres bem longe de casa (e a hora da refeição estiver para breve) a nossa querida filha vai presentear-te com uma birra monumental. A avaliar pelos gritos, acredito que a cadeirinha do carro está cheia de pregos.

7) Biberões: Não fazes ideia da quantidade de vezes que fui a correr fazer um biberão para chegar ao quarto e encontrá-la...a dormir.

8) Televisão: Lembras-te quantas vezes criticámos os pais que deixam os filhos ver televisão? Quantas vezes jurámos que não faríamos o mesmo? Vais quebrar essa promessa e começar a venerar o Bob construtor, os póneis, a Angelina bailarina, o bombeiro Sam e mais uma data de desenhos animados extremamente foleiros educativos.

9) A Mafalda tem roupas lindas, como bem sabes. Nem sempre terás paciência para criar outfits e vais jurar que ela fica mesmo linda...de pijama.

10) Telemóvel: Toca sempre quando não dá jeito, normalmente quando a miúda acaba de adormecer. Vais perceber que a opção de tirar o som é uma dádiva de Deus e com isso...perder muitas chamadas importantes.

11) As pessoas têm o hábito irritante de ir à casa de banho quando têm vontade. Meu querido, vais quando for possível e deverás encarar isso como um acto de clemência da General Mafalda. Aprendi que a melhor hora para ir à casa de banho sem ser incomodada é às 06h da manhã. 

 

Penso que transmiti o essencial. Vai ser duro, mas lembra-te que ela é tua filha, que te adora e que este tempo em casa vai permitir-te criar laços afectivos que perdurarão até ao final da tua vida.

Tenho fé em ti. Acho que te safas.

Boa sorte!

Eu mereço?

18.11.16, Ana Fagundes Lourenço

Uma pessoa deixa de poder dormir a noite toda, vê-se obrigada a trocar as idas à esteticista (que luxo!) por uma máquina ou mesmo lâmina, dança com a miúda, inventa canções (já temos "A Mafalda come tudo, tudo, tudo", o "Arrotito Marotito" e "Peek-a-boo cucu, o meu nome é Mafu"), raramente consegue fazer uma refeição sem ser interrompida e, por último mas não menos importante, anda com as costas feitas num 8 porque a menina é pesada como chumbo e só quer andar ao colo. Uma pessoa é/faz isso tudo sem reclamar e a minha querida filha...Dá a primeira gargalhada para o Pai.

 

 

Desculpe, como disse?

14.11.16, Ana Fagundes Lourenço

Maria José Vilaça, face à pergunta, de “como acolher os homossexuais?", respondeu que acompanha famílias e pais e salienta que "para aceitar o filho não é preciso aceitar a homossexualidade". "'Eu aceito o meu filho, amo-o se calhar até mais, porque sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer'. É como ter um filho toxicodependente, não vou dizer que é bom."

 

Compreenderia - mesmo sem aceitar - esta conversa se a discussão fosse sobre princípios morais da Idade Média. Mas não. Estas palavras foram proferidas por uma psicóloga que, mesmo sendo católica, não deixa de ser psicóloga. Faz parte daquela classe profissional que procuramos quando os nossos filhos sofrem de bullying, por exemplo, por serem gays.

Comparar um homossexual a um toxicodependente é mais do que uma demonstração de ignorância. É mesquinhez. Não, minha senhora, os gays não sofrem mais do que os hetero. Quantas adolescentes melodramáticas dizem que se querem matar porque o namorado terminou a relação?

Enquanto escrevo este post, a minha filha de 3 meses dorme serenamente na sua caminha. Se é gay ou hetero, só o tempo dirá. Acredito que não se trata de uma mania, nem de uma doença. É uma orientação, só isso. Para quê tanto drama à volta de uma coisa tão normal?

Se me aparecer em casa com uma namorada, recebê-la-ei tão bem como receberei um namorado. É que pouco me importa se é um João ou uma Maria, quero é que a minha filha seja feliz. E todos os pais deviam querer o mesmo.